O barulho do sol, ao se pôr no Pacífico....



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Trem e a Bengala

Ele esperava na estação. Entre os trilhos e ele, a bengala. Porte duro, sujeito vivido. Nada que denotasse riqueza, mas uma inegável distinção. Olhava para os trilhos. Um olhar fixo, presente. De ora em vez, olhava para o relógio da estação e na direção do tunel, de onde sairia o trem. Diante do marasmo do mundo e do tempo, voltava os olhos para os trilhos. Havia tanta concentração em seu olhar, que poderíamos imaginar que analisava a qualidade do metal, que calculasse a quilometragem da linha, ou talvez os juros no banco, o preço do leite. Talvez tentasse juntar as respostas que seu pequeno filho fizera no café da manhã, os letreiros das indústrias, as manchetes dos jornais. Talvez estivesse simplesmente a observar pequenos ratos cinzas que se camuflam com o piso sob os dormentes. Talvez. O ponteiro grande chegou no três, luzes do trem inundaram as vistas.

E a bengala caiu.

Fim.

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