O barulho do sol, ao se pôr no Pacífico....



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Hoje eu vi....

Um senhor sentado à mesa da praça, se lavando com um paninho.

Tudo que tinha estava em sua bolsa ao lado.

Por trás, uma multidão passando ao sol.

E o irremediável desvio de olhar.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

The Train and the Clock

He stood there, at the station. Between the tracks and himself, his cane. Sturdy type, been through a lot. Nothing that denoted wealth, but had an undeniable elegance. He gazed at the tracks. Firmly. From time to time, he looked at the station clock and towards the tunnel, where the train would emerge. Due to the stillness in the world and time, shifted his attention back to the rails. There was so much concentration in his eyes, one could imagine that he analyzed the quality of the tracks, calculated the length of the line, or perhaps interests charged by the bank, the price of milk. Maybe he was trying to round up the answers to the questions that his small son made during breakfast, the slogans of the industries, the headlines in the papers. Maybe he was just watching little gray mice that are camouflaged by the floor under the tracks. Maybe. When the clock struck three, the train lights flooded our sights and the cane fell.


The End.

O Trem e a Bengala

Ele esperava na estação. Entre os trilhos e ele, a bengala. Porte duro, sujeito vivido. Nada que denotasse riqueza, mas uma inegável distinção. Olhava para os trilhos. Um olhar fixo, presente. De ora em vez, olhava para o relógio da estação e na direção do tunel, de onde sairia o trem. Diante do marasmo do mundo e do tempo, voltava os olhos para os trilhos. Havia tanta concentração em seu olhar, que poderíamos imaginar que analisava a qualidade do metal, que calculasse a quilometragem da linha, ou talvez os juros no banco, o preço do leite. Talvez tentasse juntar as respostas que seu pequeno filho fizera no café da manhã, os letreiros das indústrias, as manchetes dos jornais. Talvez estivesse simplesmente a observar pequenos ratos cinzas que se camuflam com o piso sob os dormentes. Talvez. O ponteiro grande chegou no três, luzes do trem inundaram as vistas.

E a bengala caiu.

Fim.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Estátua

Um belo dia, meu rostou parou.
Nao havia tristeza nem felicidade que pudesse mudar a minha face.
Uma graça que levantasse o canto dos lábios.
Uma pálpebra que parasse a lágrima de correr.
Da janela, as pessoas apressadas rumo a seus destinos incertos.
Sabem eles o quanto lhes custa aquele pequeno jesto?
De sarcasmo, de alegria, de vergonha e embaraço.
De empatia.
Como é gostoso sorrir...
E o desejo?
O remanso de tu boca bajo una espesura de besos...
E estes cristão, evangélicos, judeus e protestantes por acaso sabem o que torna possível o beijo?
É o mesmo que permite uma criança soprar uma bolha de sabão,
o menino a tomar milk shake,
o senhor e o seu cachimbo,
o matuto e o seu pito,
o músico e o sax,
o bebê e sua chupeta,
o trabalhador e seu assovio.
Um dia meu rosto voltou a funcionar.
E toda vez que bebo um singelo gole de água da garrafa, peço a todos os Santos que ele nunca mais pare.
A pior tristeza, é não poder estar triste.

Pieces

I saw a plastic horse wearing rainshoes
A man reading the Koran on the subway
A clown crying on Grace Street
A man in a sari and baseball cap
Was given a calendar
Four nails for wood

Coffee with brandy
And the cup, inevitably.



Pedaços

Vi um cavalo de plástico usando galochas
Um homem lendo o Alcorão no metrô
Uma palhaça chorando na Rua da Graça
Um homem de sari e boné
Ganhei um calendário
Quatro pregos de madeira
Café com conhaque
E o copo, inevitávelmente.

Tempo passa

                   Sempre fora do lugar
Fora do tempo
         de compasso
      Sem passo
Sem com
             Pan ia

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Então

Fiquei sem internet por causa da chuva. Junto com o começo dos trabalhos de ensaio.

Nesse período escrevi vários textos na metodologia analógica e vou postá-los em breve.

Mas hoje fez-se dezembro em meu semblante. E o som de um mar que não existe faz bater em descompasso meu coração.

Até breve.
Se é que existe brevidade,
Já que o tempo
É infinito.

domingo, 16 de janeiro de 2011

On Truffaut or Love and Other Drugs. Whichever you prefer.

I was going to write a review on the film Le Histoire de Adèle H. directed by Truffaut, avec Isabelle Adjani. But there isn’t really much to comment on the film, except for the superb lighting and Isabelle’s acting.

But what I really wanted to talk about… is love.

I have been trying to write for days now, but it seems to be a word that changes meaning with the color of the sun, the numbers of stars in the sky, how many raindrops break the stillness of the waters. Changes with how many times wars show up in the news, how many little children ask for money below the traffic lights, how much trash is thrown into the sea, how many fathers lose their sons.

Love is written on so many cards, for so many occasions. Love is used to justify so many actions, so different from one another. Love for your country, love for your brothers, love for your children….

In our western culture we are not allowed to love more than one person at a time. If it is the sexual type of love, of course. You have to love your mother and your father, all you sisters and cousins, your friends. But you must never devote sentiment and sexual intercourse with more than one person at a time.

In order to make it less socially punishing, we have differed polygamy in time. You can experience love, and call it true love for that matter, with as many people you please, just as long as not at the same time.

And for some reason which is far beyond my comprehension, our western culture insists in creating fairytales on the big screen that always end with… and so they lived happily ever after. Just like Snow White. Or Love and Other Drugs. Take your pick.

Poor Adèle. She became crazy out of loneliness and obsession. The expectation that the first love must be the one and only love. Even though society has outgrown that 19th century Romantic idealism, deep down inside, we still feel guilty at the end of a relationship, however good or bad it might have been.

Deep down inside, the child within us asks, why didn’t we live happily ever after?






sábado, 15 de janeiro de 2011

As coisas para além de sua materialidade

Um dos contos mais lindos que li, se chama O casaco de Marx. Ele descreve como transferimos valor às coisas dependendo de quem nos presenteou, de quem a herdamos, do esforço que fizemos para possuí-la. E que assim, através da memória

Hoje, em meio de várias artistas, ajudamos a outra se desfazer de seus objetos preciosos para possibilitar uma mudança de casa que viria em breve. A artista, que trabalha com composição e colagem, tinha um sem fim de potes, vidros, latas, nos quais guardava extratos, tampinhas, pedaços de brinquedos, restos de construção, retalhos, pedras e afins.

Era como se cada coisa ali fizesse parte do que ela foi ou um dia poderia vir a ser. Quadros pela metade, objetos meio colados, peças recortadas... Nunca nos reencontraremos com o que fomos, nem saberemos o tempo fará de nós.

Acho que tem poucas coisas mais tristes do que ver uma pessoa se despedir de algo que é mais que um objeto, mas sim a representação de alguém que ela amava.

Imagina então perder toda a casa, que é a representação da sua própria vida...



::::

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Frase eterna


"Antes, a questão era descobrir se a vida precisava ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será melhor vivida se não tiver significado."

Albert Camus


...

And so the rain falls...

Those who are keen on keeping up with the news will most likely have seen the tragic scenes cause by the rains in Rio, as in other parts of Brazil.

Considering the overflows in Portugal and Australia, and the snowstorms in the US and Europe, and the amount of causalities in those places, I believe two conclusions can be drawn:

First, the mankind must recognize that it has been treating the World badly, and therefore cannot expect to be rewarded by nature. Why wont the US sign Kyoto, for example?

Second, in Brazil every year we have floods, and every year people lose their houses and sometimes their lives. But never before has so many died and never before had the wealthy part of town been affected. The truth of the matter is, we have very bad urban management and city growth supervision. Plus a certain neglect towards the less privileged areas. And very little prevention policies.

Alas, a great many things to change in this world, in peoples everyday life, in the way we think about the planet. Because it is by thought, that things become action.


:::

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Chuva e tristeza - Deslizamentos no Rio

"Há pessoas que perdem os óculos
o emprego, o ônibus, o fígado
rompem contratos, noivados
perdem a estréia do teatro
há pessoas que perdem a viagem, os amigos
rompem o nervo ciático
perdem  cabeça, a deixa, a memória
faturam cachês minguados
há pessoas que perdem dinheiro, fazenda, anéis
a missa das seis
rompem a noite atrás de motéis, de mulheres
que perdem o vestido, a calcinha, o pudor
há pessoas que perdem o valor, o isqueiro
perdem o lugar, o sono, o poder
corrompem o amor, perdem sua vez
há mães que perdem seus filhos
então não há mais nada a perder"

Martha Medeiros



Uma mulher, que perdeu a filha, o neto, a bisnetinha.

Rios em pavorosa, encostas desmatadas pela lama, casas soterradas.

O que fizemos com o mundo? O que estamos fazendo? Será mesmo um fenômeno natural, ou resultado de séculos de displiscência com o meio ambiente e falta de políticas urbanísticas adequadas em nossas cidades?

Todo ano chove. Todo ano inunda. Todo ano falecem pessoas. E o que fazemos?

Acho que não assisto televisão porque não consigo deixar de chorar. Muitas águas.

Para 2011, desejo ao mundo mais consciência de que estamos todos juntos no mesmo barco. Precisamos zelar por ele, e todos nele.


A Arte e a Vidência

Continuamos a ler os Gregos. E suas palavras, ainda que falam de reis e rainhas, monstros e heroís, ainda dizem muito sobre quem somos nós. Continuamos a olhar o teto da Capela Sistina e nos questionar. O profundo sentimento dos quadros do Munch não passa branco nem ao mais descompassado coração.

O que há na Arte que permite a sua persistência através dos tempos... A perfeição técnica? A qualidade estética? Mas a excelência da execuçao e o que é belo mudam com o avanço da tecnologia e a modificação das culturas.

Poderíamos ler Benjamin e Adorno e tecer longas considerações. Mas para mim, a resposta sempre foi muito simples. Há coisas inerentes ao humano que não conseguimos nos desvencilar. O nascer e o morrer. O desconhecido. Os sentimentos. A raiva, o amor. E  há uma sensação de pertencimento, quando somos remetidos a esses temas.

Sim. Há coisas que mudam o como e quando, mas nunca o porquê.

Pois bem, procurando uma poesia da Martha Medeiros que ia ser tema do post, mas me deparei com um Drummond. Meu eterno Drummond. E lendo, me veio a sensação de que o poema fora escrito ontem, para alguém que estava ao meu lado.... Ou talvez no prelúdio do 11 de setembro.

Enfim, deixo-a aqui, para que cada um possa ter seus próprios pensmentos. Muito mais complexos que essas parcas palavras de blog.

Elegia 1938

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Light in the Attic

Alguns anos atrasados, tenho o quarto que sempre quis ter ao 9 anos. Acho que estou numa fase de coincidências de sonhos do passado e realidades futuras. Deixo um poema do Shel Silverstein, que coloriu a minha infância feita de casas na árvore, livros e tortas de maça.


There's a light on in the attic.
Though the house is dark and shuttered,
I can see a flickerin' flutter,
And I know what it's about.
There's a light on in the attic.
I can see it from the outside,
And I know you're on the inside ... lookin' out.

The Concert


Original Title: (Le Concert)
Country: Belgium, France, Italy, Romania, Russia
Director: Radu Mihaileanu
Actors: Melanie Laurent, Alexei Guskov, Dmitri Nazarov, François Berléand.
Duration: 119 min
Genre: Comedic Drama
Status: Now Playing (In a few places in Brazil)

Yes, the movie is based on clichés. It's a comedy. Yes, it has a novelistic and apotheotic ending. But I do not understand why there are so many people complaining, if the other choice of the same genre that has been successful on the big screen is Little Fockers. Nothing can be more obvious than that one.

I believe The Concerto has found a subtle way of talking about one of the many façades of communism that ruled in the former USSR. The caricature shows us about what the Russian people joke about themselves. The acting performances are great. My favorite scene is the outburst of the conductor’s wife, in the midst of a crazy Russian mobster's daughter wedding. Who works with culture knows very well. There is no way forward without those who hold our hands and lead us down the road.

Moreover, the maestro’s dialogues about music demonstrate a desire for Art, a torrid love affair, which cuts through the heart. While you laugh, of course.

Besides, if you’re out to have fun, nothing better than do it looking over Paris.
Have a nice Tchaikovsky.

O Concerto

Título original: (Le Concert)
País: Bélgica, França, Itália, Romênia, Rússia
Direção: Radu Mihaileanu
Atores: Mélanie Laurent, Alexeï Guskov, Dmitri Nazarov, François Berléand.
Duração: 119 min
Gênero: Comédia Dramática
status: Em cartaz (Em poucos lugares no Brasil)

Sim, o filme está baseado em clichês. É uma comédia. Sim, tem um final novelesco e apoteótico. Mas não entendo porque tem tanta gente reclamando se a outra opção do gênero que tem feito sucesso nas telonas é Little Fockers. Não tem como ser mais óbvio do que isso.

Acredito que O Concerto tenha encontrado um jeito sutil de falar sobre um dos muitos lados do comunismo que se viveu na ex-USSR. A caricaturização nos mostra aonde o povo Russo sabe rir de se mesmo. As atuações são ótimas. Minha cena predileta é o discurso da esposa do maestro, em meio a casamento conturbado de filha de mafioso russo. Quem vive de cultura sabe muito bem. Não há como seguir adiante, sem as pessoas que nos dão as mãos e nos levam pelo caminho.

Ademais, os diálogos do maestro sobre música demonstra um desejo pela Arte, um caso de amor obsecado, que corta o coração. Enquanto você ri, claro.

Se for para se divertir, que seja vendo Paris.
Bom Tchaikovsky para vocês.



segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Apartments and Quiche Recipe

I ate a heart-of-palm pie so bad that I made my own, inside my head, of course. Curiously enough, São Paulo no longer has the gastronomic excellence it had before. I can say without fear, after a week of disastrous attempts. The places that may still be worthwhile, are so salty priced that we common people would consider going only on anniversaries and special celebrations.

Any bread with beef at the corner bakery is almost R$ 10.00. Actually, all the foreigners here on holiday I met said they would have to leave earlier than planned, due to how high the prices are.

People who have always lived alone, are now having to share their apartments due to the increase in rent over the past two years.
There is a shortage of real-estate to a surplus of demand.  And an endless stream of abandoned buildings around town, some illegally occupied, with residents living in high risk situations.

Finally, with regard to the quiche, I promise to try it out once I have a kitchen again and share the result. I'm bad at giving recipes, because I cook everything basically without measurements and according to the inspiration of the moment/ingredient availability. But if you have some experience in the kitchen, you should have no problem dashing up a good dish with the list below.


Quiche of heart-of-palm

1 1/2 jars of heart-of-palm (cylinder shaped)
2 eggs
1 box of evaporated milk, serum free, or heavy buttermilk
3-4 cloves garlic
Gruyere cheese
Chive
Coriander
Butter
Olive oil
Flour
Salt

Make quiche dough with your favorite recipe. Normally, I mix the flour, salt and butter, according to the size of the pie pan. Sometimes add a little baking soda. If the dough doesn’t start to roll up, add a little cold water. To make the pie more attractive, add coriander leaves. Line the pie pan with the dough. Set aside.
 
Filling: Pour half of the heart-of-palm, along with the water that comes with it, inside a pressure cooker. Let cook 5 minutes after pressure, or until soft. Meanwhile, chop the rest of heart-of-palm into slices and set aside. Slice the garlic into thin strips and reserve.
Remove the heart-of-palm from the pan and into the blender. Add the water little by little. It should have consistency of a puree. Let it cool. Beat the egg yolks in a mixer. Add the mashed heart-of-palm. Place the garlic to brown in butter with a little olive oil. Then add the mixture of heart-of-palm, bring to boil. Check the thickness. If necessary, add more water or heart-of-palm or add flour. Remember that the buttermilk will still be added. When the thickness is adjusted, add cream and scallion. Leave cooling.

Grate the Gruyere cheese. Beat the egg whites. Gently mix the whites into palm cream. Place a layer of sliced hearts-of-palm over the dough. Pour half the cream. Another layer of heart-of-palm, another of cream. Top of with cheese.

Place in preheated oven.  Bake until firm. Serve with a salad of your choice. It goes well with nuts and chestnuts.

Apartamentos e Receita de Quiche

Comi uma torta de palmito tão ruim que inventei a minha própria, dentro da minha cabeça, claro.  Aliás, São Paulo não tem mais a qualidade gastronômica dantes. Posso afirmar sem medo, depois de uma semana de tentativas desastrosas. Os lugares que ainda possam valer a pena, estão com preços permissíveis só para aniversários de relacionamentos e comemorações especiais. A não ser que você ache que Citroën é carro popular...

Qualquer pão com filé de padaria tá quase 10,00. Inclusive, todos os gringos de férias por aqui que conheci, disseram que teriam de partir antes do planejado, em função da alta dos preços.

Pessoas que sempre moraram sozinhas agora estão tendo que dividir apartamento por conta do aumento dos aluguéis nos últimos 2 anos. Há falta de imóveis para um excedente de demanda. E um sem fim de prédios abandonados pela cidade, alguns ilegalmente ocupados, inclusive com risco para os moradores.

Enfim, no que tange à quiche, prometo executá-lo assim que tiver uma cozinha novamente e contar o resultado. Sou péssima de dar receita, porque cozinho tudo sem medida e de acordo com a inspiração do momento e ingredientes disponíveis. Mas se você tem alguma experiência na cozinha, não deve ter problemas em se basear nas peripécias propostas.


Quiche de palmito

1 1/2 pote de palmito em cilindros
2 ovos
1 caixinha de creme de leite, sem soro
3-4 dentes de alho
Queijo Gruyere
Cebolinha
Coentro
Manteiga
Azeite
Farinha
Sal

Faça a massa da quiche com sua receita predileta. Normalmente, eu misturo a olho farinha, sal e manteiga. Às vezes um pouco de bicarbonato de sódio. Se não tiver dando liga, acrescente um pouco de água fria. Para deixar a massa mais atraente, acrescento folhas de Coentro. Coloque em uma forma desmontável, reserve.

Recheio: Despeje metade dos palmitos, junto com a água que vem com ele, dentro de uma panela de pressão. Coloque para cozinhar 5 min na pressão, ou até bem macio. Enquanto isso, pique restante do palmito em rodelas e reserve. Fatie o alho em lascas finas, reserve.

Retire o palmito da pressão e bata no liquidificador. Cuidado para não deixar muito ralo, não use necessariamente toda a água. Deve ter consistência de purê. Deixe esfriar. Bata as gemas na batedeira. Acrescente o purê de palmito. Coloque o alho para dourar na manteiga, com um pouco de azeite. Depois, junte a mistura de palmito, deixe ferver. Verifique a espessura. Caso necessário, coloque mais da água de palmito ou acrescente farinha. Lembre que ainda vai o creme de leite. Ao final junto com o creme, coloque a cebolinha. Deixe esfriar.

Rale o queijo Gruyere. Bata as claras em neve. Misturar suavemente no creme. Coloque uma camada de palmito fatiado no fundo da massa. Despeje metade do creme. Outra camada de palmito, outra de creme. Finalize com o queijo por cima.

Coloque em forno pré-aquecido. Não ligue a trempe de cima até que o quiche esteja assado, apenas para gratinar.

Servir com a salada de sua preferência. Acompanha bem nozes e castanhas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Resta pouco a dizer.

Chovia na rua. Ou será que ventava? Talvez fizesse sol.

Ele de preto. Ela de laranja. Laranja com listras, ou flores. Listras e Flores.

Ela indo para Pinheiros, Ele querendo Centro. Ele era o centro. Dele mesmo.


Ele gostava de café com leite. Ela preto. Sem açucar, sem adoçante. O amargo da vida.

Ambos tinha pais autoritários e mães ausentes. Um certo resentimento do mundo.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Time keeps moving on...

The world is sent to drain
Hold you up to the chains
Dont expect any anwsers dear
You'll never find out why
Not fit to be
The best you can do
Is just take a walk
On the wild side
Alone and listless
But remember there is
a lot of bad and beware

You wont see what might have been.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Viu mãe, viu pai?!

Realmente, existem pessoas boas no mundo. Eu nunca neguei isso e nunca vou negar. Viu mãe, viu pai?! (Tive uma discussao esses dias sobre a superexposicao da vida privada pela internet. Eu admito, ela acontece. Mas por outro lado, acredito que privado é aquilo que cada um escolhe guardar. E se mostramos na net, é porque há um sentido além nessa exposiçao. Nada diferente com Homero e suas Iliadas. Cada um, com a mídia de seu tempo. Não, eu no me acho homero. É uma sintetização.)

Hoje caiu uma chuva tropical digna de Amazonas. Mas nos sub-tropicos. Quem leu a peça do vibrador (premiada na Broadway em 2007), sabe que sair na chuva sem guarda-chua é terrivelmente romântico. E eu sou uma dessas peossoas, que no verão torrencial da terra da garoa, sai de casa sem guarda chuva.

Pois bem, uma Paranaense, dessas de tirar o fôlego mas que nunca vi antes na vida, saiu da sua casa, com seu guarda-chuva e  me levou até o ponto de taxi, sendo molhada no seu micro short pelos carros na rua. Eu também, obviamente, mas essa parte toda não interessa.

O que faz uma pessoa sair do conforto de seu sofá para levar uma desconhecida pela selva de esgotos entupidos da Paulicéia? Só pode ser bondade e um enorme coração.

Eu acredito nela. Só acho triste que ela se encontre em tão pouca escala no líquido mundo atual, no qual as relaçoes escoam cada vez mais rápido e cada vez mais baseada na direçao de suas próprias torrentes.

Mas são pessoas como a Ângela, que acredito serem breves anjos enviados, que nos fazem lembrar que há ainda aquilo pelo qual vale lutar.

E vamos à ela.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The myth of Captalism

Im going to make it quick, because my battery is going to die, plus im sitting at a talbe with a couple of brits, aussies and I dont know what more. And it is not very polite to keep writing.

Anyways, in todays money driven society we are brought to believe that if you can afford it, you can buy it. And that it theere is a world of products just sitting there, waiting for you.

However, you cannot buy what you want. If you have a very good idea of how you want your product to look like, color, size, materialwaise, you are probably going to be very frustrated. There is only a limited offer in the market, mostly dictated by some kind of momentary trend, that publicity does a very good job conviencing you that those are the ones you need.

More than one time to many have I set out determined to buy and came back empty handed. If you have enough personality to want to choose on your own, captalism is not there for you.

If it is not there for those who wish to consciously spend, so the ultimate question is, who is it there for?

Definitely not for the over exploited workes in Asia, that are responsible for a enormous amount of contemporary goods. Definitely not for the war stricken communities in Africa. And even less for the peolpe in Haiti.

I'll leave the question out there, in search for an anwser.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Menina Menina

Ela era uma menina engraçada. Não tinha teto, não tinha nada. 
Dizia que a sua casa era onde estivesse e tinha uma inseparável sacola azul com enormes alças amarelas. Estava quase sempre com a mesma roupa, o mesmo sapato, despeito da sacola cheia. 
Lia livros de sebo que trocava depois de lido. Andava sempre com um livro só, mas fazia muitas referências. Não tinha computador, nem email, nem celular. 
Se sua casa era onde estivesse, a sua família era quem por ventura se encontrasse ao seu lado.
E amava a todos como se família fossem.
Ela já estava ali há um tempo, o que aumentava o nosso medo de perdê-la.
De vez em quando, a menina olhava para as estrelas e estreitava seus enormes olhos castanhos como se calculasse. Nesses momentos, uma curiosa brisa do norte passava breve levantando as folhas do chão.
Seu cabelo nunca bagunçava, a despeito do travesseiro, da chuva e vento. Era negro e espesso e tinha cheiro de tangerina com cravo.

Certo dia, voltava do mercado com uma lata de sardinha, duas maças e um mate. Fazia um sol cinza e calado.
No cruzamento, um ônibus e um velho monza tinto se encontraram. Ninguém morreu, mas uma grávida escoando sangue foi levada às pressas para o hospital, junto com uma velha senhora de sorisso oco que quebrara a bacia. Esta, não tinha família mesmo.
A menina chorou dois dias e três noites. Falava muito enquanto chorava, mas nada que pudéssemos entender. Não por causa do choro, mas pela nossa limitada compreensão do que são as palavras.
Nesses dias, usou uma capa preta que nunca tínhamos visto antes. E a sacola continuava cheia.
Pensávamos que ela ia embora. A vizinha assou torta de maça, para lhe fazer uma agrado. Dizíamos que a vida era assim mesmo. Ela soluçava, balançava a cabeça e chorava mais.
Ao final das águas, sumiu a capa preta e os olhos voltaram a ser grandes. Mas ficou muda mais dois dias e uma noite.
Por fim, disse - Será que o Mundo pode ouvir o som desesperado dos que se calam? E não se ouviu resposta, nem nossa, nem dela.
No dia seguinte, a menina engraçada já estava em outra casa, sem teto, sem nada.
Deixou na porta um desenho em carvão das estrelas.
Nunca mais voltou.

Até hoje, quando uma silente brisa do norte levanta as folhas, me vem uma saudade azul de alguma coisa que não sei bem o que é.
E tomo chá, de tangerina com cravo.




::