O barulho do sol, ao se pôr no Pacífico....



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Aos homens que querem ter mulheres

Vamos falar agora francamente. Sem todos esses melindres sociais. Vamos falar de dinheiro.

Sentada no metrô à minha frente, uma loira linda e perfumada. Algumas paradas depois, o namorado. Certamente a caminho de uma programação a dois. Com todas essas obviedades estampadas, uma enxurrada de pensamentos.

Os namorados/companheiros/rolos/pretendentes não fazem a menor noção o que significa estar linda e perfumada. Comecei a fazer as contas.
  1. Unhas 1x por semana (ninguém quer pé rachado roçando nas pernas debaixo da mesa);
  2. Depilação 1x por mês (dispensa comentários);
  3. Cabelo (sei lá o que ela faz, escova, corte, luzes, tintura, alisamento);
  4. ANTICONCEPCIONAL todo mês (dependendo da marca, é caaaaro);
  5. Lingerie (Passa na frente de qualquer loja pra ver quanto é. Se ela não tá comprando... bem isso é outro texto);
  6. Uma porcentagem da academia, maquiagem e perfume (afinal, não é só pelos homens que fazemos as coisas).
  7. Etc, etc...
Dependendo da cidade onde ela mora e do custo de vida, essa conta dá caríssima!!!!! E vocês acham que pagar a parte dela de um rodiziozinho de sushi é super galante. Na verdade, fica parecendo que tão querendo andar de Ferrari, pagando preço de fusca. Não dá, né?

Tem mais é que pagar o cinema, o jantar, mandar flores (de preferência sem motivo) e, peloamordedeus, tenha alguma coisa para o café da manhã do dia seguinte. Esse negócio de geladeira vazia não tem nada de romântico.

Nem venham me dizer que isso repressenta um retrocesso machista. Muito pelo contrário. É uma equalização/equiparação das finanças despendidas em prol do casal.

Tá achando ruim?

Vai você namorar mulher de bigode.

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4 comentários:

  1. Concordo com tudo que vc disse salvo de que eh pelo dinheiro.
    Se bem que eu tb sempre tenho que racionalizar de alguma maneira as coisas para defini-las, medi-las e me sentir satisfeito com elas... enfim, te entendo plenamente.

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  2. Eu acho que equalização mesmo seria todas as mulheres fazerem o mesmo tanto que os homens fazem pela a mesma coisa. Ou seja, ir com o bigode que deus lhe deu! Fazer tudo pela aparência não pode ser alardeado publicamente sem dar a entender que ela tinha, de fato, bigode (ou qualquer outra mazela). Por outro lado, pagar o jantar (e coisas mais) pode ser declarado publicamente (por ele) sem qualquer constrangimento como algo claramente em prol da relação, o que obscurece ainda mais o que elas fazem secretamente. Também, a mulher que declara que ele deve mesmo pagar é socialmente desqualificada (dondoca, perua etc.). O problema na cultura é suportar a tensão necessária para a mudança, que levaria, segundo sociólogos e antropólogos, pelo menos duas gerações. Polariza ainda mais este quadro a estrutura psicológica das mulheres estar mais preparada para acolher relações (favorecer, necessitar, depender) enquanto a dos homens para privilegiar o individualismo e tudo ligado à sobrevivência ou interesse pessoal. Claro, há variações entre homens e mulheres nos dois sentidos, e influências constitucionais, sociais e culturais, mas a tendência é esta (pelo menos até o que podemos dizer neste ponto da história humana). E, curiosamente, os valores desejados pelas mulheres nos homens tendem a assustar as mães de meninos pequenos: elas desejam ver neles homens no sentido tradicional do termo. Estes valores são assimilados dos 0 aos 5 anos de idades, para meninos e meninas, e, aos 15, já não podem mais ser modificados sem sorte ou intervenção intencionalmente programada (como em psicoterapia ou programas de prevenção). Por exemplo, programas de desenvolvimento de competência emocional para crianças e jovens pode influenciar positivamente um cenário destes, mas iria requerer uma escola consciente do problema e da necessidade. Bem interessante seria se pudéssemos manter conversas como estas mais abertamente, preferencialmente com a participação de homens, para formação de novas culturas (relacionais) locais. Não poderia faltar nestas discussões a maneira como as imagens do homem e da mulher são vendidas (e compradas) nos meios de massa. Também precisamos pensar o que significa estes novos modelos de homem e de mulher. No fundo, e no fim, estamos falando de valores e de cultura. Um bom tema para uma nova peça. Quem sabe, tratado com humor! Afinal, a história ensina que na cultura o humor é sempre o primeiro ponto de abertura para os mais variados tabus.

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  3. Adoro saber que você leu. Mais ainda, que o texto provocou algo para além da suposta superficialidade do tema.

    Programas de desenvolvimento de competência emocional seria um sonho. Quase um sonho de ficção futurista. A dificuldade de sair do ciclo cultural desenhado pelo seu texto é efetivamente o que move o sarcasmo do meu breve esbravejo, para trazer à tona a espalhafatosa face da realidade. Por que e para que todas essas regras de convivência?

    Por outro lado, só um homem poderia sugerir à mulher que vá com o bigode que Deus lhe deu.
    Até onde eu saiba, você tampouco namorou mulheres de peludas.

    E aí entramos na questão da dicotomia do discurso x ação. Que para mim, é um dos maiores fatores que contribuem para permanência de regras transgeracionais. Independente de valorização.

    Enfim, levamos isso para um sushi. Eu pago...

    ::

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  4. É. Esse é um post que dá pano pra manga. Não daquelas que subimos no pé e lá mesmo a gente consome. Mas o consumismo e as mangas outras...

    Como estava vestido o namorado que entrou no metrô? Também ele era bonito e perfumado?

    Nos romances de mocinha e mocinho que analisei no mestrado as mocinhas trocavam a virgindade por segurança financeira e pessoal. A virgindade era uma moeda de troca nos relacionamentos lá romanceados. Mas, não só lá os relacionamentos são movidos por essa moeda e não só por essa. Não só nesses romances vendidos em banca de jornal, mas também no Machado de Assis, José de Alencar e outros.

    Não só na ficção.

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